Palestra aborda como a neurociência pode ajudar na aprendizagem
Despertar emoções nos estudantes e focar mais no processo de aprendizagem que no ensino foram dois dos principais pontos abordados pela professora e pesquisadora da área de neurociência Carla Andréa Tieppo, na palestra de abertura da 43ª Reunião dos Dirigentes das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Reditec), que começou na segunda-feira, 9 de setembro, no Câmpus Florianópolis-Continente do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
Durante uma hora, ela explicou à plateia formada por reitores, pró-reitores e diretores de câmpus das instituições que compõem a Rede sobre o funcionamento do cérebro humano e como aproveitar as conexões entre neurônios para a transmissão do conhecimento.
Carla, que é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, explicou que é através do processo emocional – e não do racional – que cérebros aprendem. “O professor tem que conhecer o que forma e fortalece as conexões neuronais”, afirma. As emoções servem para marcar a valência de importância de uma informação, segundo a pesquisadora, além formar memória e provocar uma necessidade de mudança para o indivíduo.
A principal emoção que os professores devem buscar despertar nos alunos, defende Carla, é a excitação por adquirir novos conhecimentos. “Precisamos provocar, tirar do lugar-comum, desafiar. Toda vez que uma emoção é ativada, é necessário tomar uma atitude. Quando você emociona o aluno, você dá a ele a mudança que ele precisa fazer.”
Para despertar emoções nos estudantes, o professor precisa priorizar o processo de aprendizagem em vez do de ensino, na visão de Carla. Isso significa apresentar o conteúdo de maneira mais atrativa, o que não precisa ser feito apenas por meio de novas tecnologias, mas principalmente pelo modo de estruturar sua narrativa. “O conteúdo está nos livros, na internet, ele já existe. O professor não precisa se preocupar em sistematizá-lo, mas sim em estimular o estudante a aprender.”
Outra preocupação que os professores devem ter é com a qualidade do sono de seus estudantes. Isso porque é durante o sono que o cérebro monta novas conexões neuronais. As horas de descanso são importantes: oito horas é o ideal. “Uma pessoa que dorme quatro horas por noite não forma essas conexões. Não há tempo mais perdido que passar uma noite em claro estudando na véspera de uma prova – e a pessoa ainda vai criar ódio pelo conteúdo.”
A palestra de abertura da Reditec está disponível no canal da IFSC TV no YouTube.